Semeadores: Parte final – Tem que continuar a semear

Arte: Dyego Santos

A Mocidade Alegre, fundada em 1967, como um vulcão em erupção, foi campeã dos grupos intermediários e fez o primeiro tricampeonato desta nova era das escolas de samba da cidade de São Paulo.

O homem de boina de pelúcia e charuto na mão, na frente como os balizas de outrora, ele inaugura o nascimento de grandes escolas, que despejaram um rio cultural para o nosso povo. Títulos vieram naturalmente e a sucessão na família também. Carlos da Cruz sucede o velho Cardeal, Elaine da Cruz, a grande dama, semeia a nova Mocidade do século XXI, e hoje, Solange Cruz Bichara Rezende mantém a tradição de estar sempre na briga pelo melhor espetáculo.

Da Parapuã em 1971, a Rosas brotou na janela e se fez em ouro, uma trajetória, carregada de emoções nas mãos de Eduardo Basílio, um homem de fala macia, mas um leão na busca de seu ideal, assim se deu e em 1980, a Rosas de Ouro desce para a Ponte da Freguesia e se instala no grande complexo de samba. Os títulos chegaram naturalmente e hoje Angelina Basílio a filha se encarrega de manter em alta o legado deixado pelo velho Basílio, e assim as Rosas não pararam de florescer.

Sambistas deixaram o Camisa Verde para fundaram a Tom Maior, que o menino Marko da Silva chegou e comandou com carinho e devoção a escola do Sumaré, hoje nas mãos da não menos competente Luciana da Silva. No bojo, os universitários agasalhados pelo poeta Borbinha do Ferreira, Pasquale entre outros fazem da Pérola Negra uma escola de ponta.

Zona Norte, com muitos semeadores, Lauro e Gaspar fizeram da Filhotes a grande X 9 Paulistana. O ar da Cantareira ficou mais aromático com a administração do Sr. Jammil, na frente da Tucuruvi. Dona Edna, sua esposa, foi a inspiração de fazer do gafanhoto verde, uma das mais respeitadas, como o é o nosso velho sambista árabe. No final dos anos 90, chega a Império de Casa Verde, o tigre da Zona Norte a modernizar os desfiles com grandes alegorias, um jogo para ser jogado. Zé Preto sonhou e lá do céu viu a sua Colorado bailar no Especial, graças a competência daqueles meninos Leandro e Ká, que regaram como jardineiros dedicados. Samba e futebol sempre aliados assim. Time do Faísca nasceu com grande influência da família Carriuolo, a campeã de 2020, Águia de Ouro. Chega a era das escolas oriundas de torcidas de futebol. Muitas souberam distinguir o samba de avenida do futebol, e estão se dando bem no cenário. Semeadores como, Flavinho la Selva, Serdan, Tomate, Binho, Cosmos, Manequim, Panchinho, B.O., Batata, entre outros desta área souberam compreender a grandeza que é comandar uma escola de samba.

A organização que norteia todo crescimento do Carnaval Paulistano na oficialização dos desfiles é a Federação. Nos anos 70, foi a UESP, União das Escolas de Samba Paulistana, tendo com seu primeiro presidente Renato Correia de Castro, o Renatão da Globo, e hoje é administrada pelo guerreiro sambista Alexandre Magno, o Nenê. Em 1986, nasce a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (LigaSP) para organizar os desfiles das escolas do grupo principal, hoje comandada por Sidnei Carriuolo.

A Semeadura tem que continuar com o engrandecimento, que foi desejado por aqueles pioneiros lá atrás, mas nunca esquecendo da tradição, porque o modernismo, pós-modernismo matam a raiz. Não pode haver desfiles sem emoção e a emoção está naturalidade. Viva o samba.

Texto Ednei mariano
Arte Dyego Santos
Junho de 2022.

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Artigo de

Redação Sampa