Você na Sampa: Intérprete da Dom Bosco, Rodrigo Xará revela sua relação com o samba desde a infância

Rodrigo Xará, intérprete da Dom Bosco de Itaquera. Foto: Felipe Araujo/ Liga SP

Alegria, carisma e descontração são alguns dos atributos de Rodrigo Xará, intérprete da Escola de Samba Dom Bosco de Itaquera. 

Tem história de longa data com o Samba, começando no quintal de casa, onde morava com a família (mãe, avó e tios). “Tio Pingo, Tio Tuto e Tio Tuca”, como o chamavam carinhosamente, já eram do mundo do samba desde dos anos 80/90.

Costuma dizer que o samba que lhe escolheu e cresceu vivenciando essas rodas de música em família.

Apesar de achar que caiu paraquedas no mundo do carnaval, foi no Jardim Patente, celeiro de sambistas que as rodas de samba marcaram presença na sua vida.

Com o surgimento do “Projeto Preservação da Raízes”, que tinha como objetivo o resgate de grandes sambas enredo, Rodrigo Xará foi incumbido de puxar o bloco do projeto. A bateria era comandada por mestre Ninão, que logo o convidou para ingressar na bateria da Imperador do Ipiranga e de lá foi crescendo e ganhando cada vez mais espaço.

Suas inspirações ultrapassam gerações e a gratidão por essa troca é sua maior satisfação. 

Em cima de um palco esteve por incentivo e iniciativa de Serginho KTE. Na bateria, seu destaque vai para um ritmista que tocava o surdo “Direta” lá na Barra Funda. Já no canto tem como referência Carlos Jr., mas ressalta outras figuras importantes como Vaguinho, Douglinhas, Royce do Cavaco, Daniel Colete e Igor Sorriso. São pessoas que ele sempre teve muita admiração e que hoje são amigos de profissão. Companheirismo, palavras de incentivo e ensinamentos permeiam os grupos de intérpretes das escolas de samba de São Paulo. 

Feliz com sua trajetória, acredita que toda conquista passa por dedicação ao trabalho. Reconhece que trabalhou muito para tudo que tem hoje, mas também teve a sorte ao seu lado. Desde conhecer os mestres que o levaram para Imperador do Ipiranga, até como todas as pessoas que o deram oportunidades durante seu caminho.

Começou a cantar por indicação de um amigo que o viu nos pagodes da bateria e o indicou para alguns compositores nas disputas de samba em eliminatórias, e nada mais eram que Turko, Maradona, Didi, que estão entre os compositores mais vencedores de samba do carnaval.

Considera que o carnaval faz parte da sua vida e que faz tudo com prazer. Para ele cantar é uma dádiva e tudo que gira em torno do carnaval é fascinante, desde o início do projeto até o dia do desfile. Além de profissional do Carnaval, é um grande admirador dos desfiles, assistindo todos com agrado. Cada trabalho que realiza é sempre permeado por muito amor e dedicação.

Tem como samba inesquecível o de 2004 da Imperador do Ipiranga com enredo “Ipiranga, berço Esplêndido de um Povo Heroico” que considera o melhor da história. Para ele foi onde tudo começou. Outro samba que o marcou foi o da Império da Casa Verde de 2008, com o enredo “Sambando e Cantando e seguindo a Canção”, considerando o melhor desfile que já assistiu até hoje.

No ano de 2016 fez sua estreia como intérprete oficial do Barroca Zona Sul, marcando sua chegada como a Voz Oficial de uma escola de samba. Além do momento inesquecível e da responsabilidade, é grato ao Presidente Cebolinha e diretor Marcão por acreditarem no seu potencial.

Em meados de 2007, teve a oportunidade de defender um samba nas eliminatórias do Acadêmicos do Tucuruvi e de estar com pessoas que admirava de longe como Aguinaldo Amaral, Fred Viana, Renê Sobral. Orgulho e felicidade definem o caminho que traçou para chegar onde chegou e se sente lisonjeado de ter sua voz registrada nas escolas por onde passa, como Imperador (2009), Barroca Zona Sul (2016 e 2017) e atualmente na Dom Bosco de Itaquera.

Ao seu lado na escola de Samba Dom Bosco de Itaquera, tem uma ala musical animada, entrosada e descontraída. Quando chegou na escola, alguns integrantes já compunham a ala musical, recebeu alguns integrantes da Obra Social e também fez alguns convites para amigos de longa data, formando assim um time de talentos e de pessoas do bem. Considera que está num momento sensacional, começando um trabalho do zero, mas extremamente feliz e orgulhoso dessa troca, com pessoas que exalam talento e que prometem ir longe.

O cantar para Rodrigo Xará já é motivante. Ser a voz que conduz uma comunidade inteira é surreal.

Quando ultrapassa a linha amarela no dia do desfile, além de manter a responsabilidade e a concentração, não esconde a emoção, misturada com toda a magia do Carnaval. O coração pulsa junto com a batucada e tudo faz o desfile acontecer.

Apaixonado pela família, que sempre o entendeu e o apoia, confessa que já pensou em tirar férias do carnaval. Apesar de sair de casa com coração apertado por deixar a esposa e a filha, organiza bem o tempo para poder estar sempre com elas e sabe que elas estão na torcida para que seja um grande ensaio, com boas energias.

Para este ano, continua com seu projeto pessoal o “Pagode do Xará”, que sempre acontece em maio, no mês do seu aniversário, e em novembro, ambos com ações beneficentes que envolvem arrecadação de leite para doação ao Abrigo Irmã Tereza, um lar para idosos que fica em São Caetano.

A novidade, está por conta de um projeto 100% dedicado ao Samba, programado para os próximos meses. Com a parceria do produtor Paulinho Ramos sente-se feliz e diz que podemos esperar um trabalho com muita batucada, sambas com sentimento, tudo preparado com muito carinho e verdade, que logo estará disponibilizado em todas as plataformas. Vida longa, Xará!

Texto: Mariana Mello

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Redação Sampa