Caminhada: Capítulo 3 ─ Abre Alas

Quando Sônia viu toda aptidão do filho para a dança, em especial de mestre-sala, ficou radiante. Então, se aperfeiçoou ainda mais como porta-bandeira, e assim tornou-se uma das melhores de Diamante. O bom disso é que teria a oportunidade de dançar com seu filho.

Sonia se espelhava em Maria Helena, da Imperatriz Leopoldinense, que, com seu filho, Chiquinho, era o casal sensação nos anos 90, tanto no Rio como em Sampa, já que a dupla por dois anos veio defender o pavilhão oficial da Barroca da Zona Sul.

Sonia e seu filho, Hyldon Carlos, fizeram muito sucesso na parceria, com várias notas máxima e prêmios para sua agremiação, Cachorro Grande de Diamante.

Paralelo à dança e ao sucesso nas pistas, estava a luta do dia a dia, e cada vez que o aluguel de onde moravam aumentava, a mãe e o filho tinham que sair em busca de outro local que coubesse no orçamento mensal.

O lar era humilde, mas sempre ordeiro. Sonia ensinou tudo sobre administrar uma casa a Hyldon, desde a faxina a culinária, passando pela higiene nas roupas, assim quando jovem Hyldon Carlos sabia cozinhar, lavar, passar e na arrumação, desde roupas aos aparelhos de cozinha.

Sonia, de religião afro brasileira, não descuidou da fé e confiança em um futuro melhor para si e para seu filho. Assim, a dupla ia driblando as adversidades. No final dos anos 90, já estavam morando em Sampa, ela mesmo trabalhando em Diamante, encontrou na capital condições melhor de vida habitacional. Hyldon concluiu a primeira fase de seus estudos já na capital.

Aqui as condições de trabalho eram melhores, e o garoto com 18 anos já trabalhava em uma multinacional. Tiveram desafogo nas finanças e como jovem, frequentava baladas, concursos de dança, fazia algumas viagens com amigos, mas nunca deixando de dar sua contribuição nas despesas da casa.

Chegou o século XXI, Hyldon Carlos já começava a se destacar entre os mestres-sala de Sampa, além dos concursos de axé, toda oportunidade de fazer dança lá estava ele, se descobrindo no caminho de dançarino.

Agora os desfiles das escolas de samba da cidade eram em dois dias, com destaque e transmissão para todo o Brasil. Porém, as disputas ficavam cada vez mais acirradas e a cada ano os desfiles vinham se agigantando em visual, organização e disputa.

O quesito mestre-sala e porta-bandeira começou a exigir mais profissionalismos destes pares, abrindo caminhos para a juventude ávida de dança.

Texto: Ednei Mariano

Arte: Dyego Santos

Agosto de 2021.

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Artigo de

Victoria Vianna