Samba, Suor e Saudade: Maquiadora Laylah El Ishtar conta sua relação com o Carnaval

Crédito: Arquivo Pessoal

Samba

Laylah El Ishtar é stylist e maquiadora no Carnaval, e sua relação com o samba se dá desde criança. “Eu cresci ouvindo Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Sombrinha, Roberto Ribeiro, Luiz Carlos da Vila, Almir Guineto, ídolos do meu pai que é apaixonado por samba raíz”. Laylah conta que isso a influenciou muito, inclusive em sua paixão por vozes femininas do samba como Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra, Clara Nunes e Bete Carvalho.

“Na verdade, acredito que o samba faz parte de nossas vidas – família – por influência da religião. A história do samba se funde com a história das afro religiões no Rio de Janeiro, a Pequena África do Candomblé, da Umbanda, de Tia Ciata”, relata.

Em seu bairro, Campo Grande, na década de 70 existia um bloco chamado “Estrela do Bairro”. Seu pai tocava nesse bloco e uma das suas tias era a rainha da bateria. O bloco acabou, e então fundaram outro chamado “Bloco do Sapo”. Foi então a sua vez de aproveitar. “Eu ficava louca, fazia uma fantasia especial para desfilar no ‘Sapo’, aquele som parecia que estava dentro de mim, na verdade estava dentro de mim”, conta a maquiadora.

Em 2016, Laylah convidada por Guilherme Camilo para trabalhar numa equipe de maquiagem no Carnaval do Rio de Janeiro. Em 2017, Jorge Abreu também a incluiu em suas equipes. Laylah trabalhou na São Clemente, Imperatriz Leopoldinense, Portela, União da Ilha e Unidos de Vila Isabel. Em 2019, foi convida por Jace Lucas para assinar a maquiagem da comissão de frente da Acadêmicos da Diversidade, na Intendente Magalhães que em seu primeiro ano de desfile foi campeã.

Suor

Laylah relata que seu maior suor (desafio) é ser uma pessoa trans, mas conta que também pode afirmar ser um privilégio estar no Carnaval. “É uma forma de mostrar que pessoas trans também são profissionais e podem estar em todos os espaços”, diz a maquiadora.

E os sufocos no Carnaval são vários, desde o deslocamento para chegar na Sapucaí ou nos lugares onde acontecem as produções, voltar para casa de trem na madrugada e voltar no dia seguinte para trabalhar em mais uma escola de samba.

Porém, tem um episódio que Laylah afirma ter sido sufoco mesmo. “Estávamos trabalhando na rua, ou seja, toda produção de maquiagem aconteceu numa rua nas proximidades da Sapucaí, e eram muitas alas para maquiar. O material de maquiagem chegou e foi colocado num canto, quando as coordenadoras procuraram, o material tinha sumido, provavelmente alguém que passou na rua levou. Foi uma correria para se deslocar até a Cidade do Samba para buscar mais material… No final, deu tudo certo, entregamos a escola no horário”, relata.

Saudade

Laylah diz que sente muitas saudades, seja de pessoas ou de lugares. Porém, se tratando de saudades no Carnaval, a maquiadora sente saudades do Carnaval de rua antigo que tocava samba, dos blocos de bairros, sem violência. “Era uma época em que as pessoas tinham prazer em se fantasiar e dancar para se divertir, o real propósito era ser feliz”

Acompanhe o trabalho de Laylah El Ishtar:

Instagram: @laylahishtar

Texto: Jace Lucas
Edição: Victoria Vianna

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Redação Sampa