Vitor Velloso – Mestre de Bateria Estrela do Terceiro Milênio

Da escola campeã de 2022 Estrela do Terceiro Milênio, mestre de bateria Vitor Velloso conta sua trajetória no samba.

Vitor Velloso / Divulgação

Com toda sua família ligada ao samba, o mestre Vitor Velloso vive o Carnaval há muitos anos. Sua mãe foi baiana da Rosas de Ouro, o pai, Mocidade Alegre, e desde criança era levado pela família à Sapucaí para ver os desfiles do Rio de Janeiro. Aos 9 anos desfilou na ala das crianças da Mangueira.

Em 1999 foi quando entrou para a escolinha de bateria da Escola de Samba X-9 Paulistana e entrou na Avenida pela primeira vez em 2000, com enredo “Quem é você, Café”, e com pé direito, conquistou o campeonato junto a escola. Para ele, a emoção foi tão grande que se tornou uma paixão. A partir dali se dedicou muito aos instrumentos, à bateria, fez amigos e começou a viver a rotina da escola de samba.

No segundo ano como ritmista foi convidado para assumir a direção de bateria da Pulsação Nota 1000. Ficou na X-9 até 2006, depois integrou a escola de samba Rosas de Ouro até 2013, Acadêmicos do Tucuruvi, em 2014, Dragões da Real e Imperador do Ipiranga ao mesmo tempo. Em 2017 assumiu como mestre da Batucada da Imperador até 2019 e agora mestre de bateria na Estrela do Terceiro Milênio.

Vitor Velloso diz que a Milênio marcou sua vida para sempre. É a escola que o proporcionou ser campeão e estrear como mestre, pela primeira vez, no grupo Especial. Foi muito bem recebido na escola, sentindo-se em casa. Considera a Milênio uma grande agremiação e vem provando isso ao longo dos anos com belíssimos desfiles. Dedicado no que faz, para ele é uma honra conduzir os ritmistas apaixonados e que são pratas da casa em sua maioria.

Geralmente costuma colocar na avenida cerca de 200 ritmistas, mas para o próximo ano estão se preparando para entrar com 220 ritmistas e uma diretoria inflada com 13 diretores.

Na sua visão, o Carnaval de São Paulo tem grandes batucadas, mestres icônicos que fizeram história no samba e na Cultura da cidade e do setor. Ressalta alguns deles como mestre Tadeu, que está na ativa, teve o mestre Lagrila, que deixou um legado incrível para todos os percussionistas. Acredita que a geração foi formada por mestres que absorveram muito desses que fizeram história e que ensinaram essa nova geração já atualizada na questão de ritmo, de uso de instrumentos. O movimento de transformação e evolução é uma característica de São Paulo. Todo mundo sabe como é o ritmo da bateria do Moleza, da Vila Maria, do Zóinho da Império de Casa Verde, do Rafa da Rosas de Ouro, do mestre Sombra da Mocidade Alegre, cada um no seu estilo, se aperfeiçoando e deixando sua marca.

Sobre o futuro do Samba e do Carnaval, mestre Vitor Velloso é muito otimista. Acredita na força do samba e do sambista. Apesar de todas as adequações durante a pandemia e nesse pós-pandemia, foi possível realizar um Carnaval maravilhoso. O grupo de Acesso 2 com arquibancadas cheias, com desfiles lindos e isso seguiu para o Acesso 1 e Especial, conseguindo encantar, entreter e transmitir alegria e esperança.

Para 2023 já estão trabalhando desde junho, com a escolinha e com os ensaios específicos de naipe, com certeza virá uma bateria muito bem preparada e competitiva. Estão no aguardo do samba-enredo para ter uma ideia melhor de bossas e ritmo.

Para as pessoas que tem vontade de ingressar em uma bateria, mestre Vitor Velloso dá a dica: “Ousadia vence! Não tenham medo. Venham aprender, se dediquem, criem uma relação de amor e carinho com o instrumento que você escolheu, estude muito e se prepare para viver uma das maiores emoções que a vida nos proporciona. Estar no coração de uma escola de samba é algo muito especial.”

Suas inspirações estão nos mestres da atualidade. São amigos, parceiros e trocam muitas ideias, informações, ritmos, sempre fortalecendo a classe.

Os sambas enredos que marcaram sua trajetória foram o da Imperador do Ipiranga no ano de 2017, “Ipiranga, berço esplêndido de um povo heroico”, que foi sua estreia como mestre de bateria e o de 2022 da Estrela do Terceiro Milênio, enredo potente “Ô abre alas que elas vão Passar”, trazendo o título e sua estreia no Especial.

Apaixonado pelo Carnaval, Vitor Velloso ama o que faz e fez disso o seu ofício. Não havendo motivação melhor do que essa.

No dia do desfile sempre passa um filme em sua cabeça. Desde quando entra com a bateria do túnel até o box da concentração a emoção já começa a querer dominá-lo. Respira fundo, tentando controlar as suas emoções e a dos mais de 200 ritmistas. Mas quando cruza a faixa amarela, aí é o momento da magia do Carnaval acontecer e sempre se lembra de que esse era seu sonho de criança.

Que a paixão que te move possa contagiar muito ritmistas! Vida longa e sucesso a sua caminhada.

Texto: Mariana Mello

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Redação Sampa