Semeadores: Capítulo 3 – Fim do Romantismo

Arte: Dyego Santos

Nos anos 60, a América mergulhou no militarismo, e com o Brasil não foi diferente. Em 1964, com o Golpe Militar, censura, prisões, apropriação de vários órgãos de imprensa pelo Estado, assim caminhávamos nos “Anos de Chumbo”, mas a negrada e os brancos apoiadores do samba se mobilizam para mudar a história dos desfiles das nossas entidades. Assim, em 1967, a cidade recebe o interventor Faria Lima, um mangueirense de carteirinha. Xangô, o homem forte da Unidos de Vila Maria, Mulata, Carlão, Mala, Pé Rachado, Madrinha Eunice, Sinval, seo Nenê, capitaneados pelo jornalista Evaristo de Carvalho, tendo como porta voz o radialista Moraes Sarmento, com outros dirigentes da época, juntaram com o interventor, que deu sinal verde para que o poder público organizasse os desfiles carnavalescos.

Era o sonho destes sambistas.

Assim, começaram a se organizar juridicamente para uma nova fase na história do samba paulistano. Os cordões, que eram fortes, foram desaparecendo, dando lugar para novas escolas de samba. As antigas entraram em um processo de se modernizar. Muitas conseguiram, mas a maioria sucumbiu.

No início da década de 70, os três cordões remanescentes Vai-Vai, Camisa e Fio de Ouro se tornaram escolas de samba e então, acaba o romantismo e se inicia uma competição mais acirrada.

Sampa ganha visibilidade e verbas públicas para a festa vão buscar no Rio de Janeiro o critério para a avaliação do desfile das escolas. Em São Paulo eram escolas de samba e blocos de fantasias.

Nas escolas já não existe mais instrumento de sopro, e as estandartes são um elemento somente nos blocos. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, que carrega em um bailado diferenciado o símbolo da escola, vira quesito a ser avaliado. Para cada enredo, um samba, a harmonia da apresentação através do canto e ritmo é motivo de avaliação, a evolução dos componentes conta ponto e as alegorias dão visão a história que está sendo contada. Neste conjunto de itens, quem vier melhor leva o título.

Dos Garotos do Ipiranga, nasceu para tomar o lugar na Vila Brasílio Machado Os Acadêmicos, formada por João Roberto, o Bertão, e Mário Theodoro, o Tio Mario. Das águas que enchiam o bairro da Vila Carioca surgiu a ideia, por Laerte Toporcov e amigos, de fundarem a Imperador do Ipiranga. Em grupos distintos, as duas continuam em grande representatividade no samba da Zona Sul.

Nesta mesma época, um baixinho com visão futurista brincava com a família na Vila Mariana, brincavam no Bloco do Peg Pag, daí os irmãos Juarez e Carlos da Cruz resolveram fundar uma escola, a primeira revolução no samba na metrópole.

Fim da terceira parte.

Texto: Ednei Mariano

Arte: Dyego Santos

Junho de 2022

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Redação Sampa