Caminhada: Capítulo 5 – Minha Morada

O mundo ruiu para Hyldon Carlos. Perder a mãe, a amiga, a companheira foi um golpe cruel para aquele jovem de 22 anos.

Parentes e amigos não faltaram em apoio neste momento doloroso. Sonia, com 42 anos, deixava o campo carnal, e seu filho, ainda novo, que recentemente fora abraçado pelo sucesso, é alvejado pelo dardo da dor, da perda.

Sonia o ensinou para o mundo, abriu sua mente desde menino em conversas até pela sua espiritualidade de que nada é para sempre, mas ele, como a maioria de nós, não está preparado para este tipo de perda.

Hyldon Carlos curtiu sua dor e seguiu morando só, estava firme na sua carreira de dançarino e como mestre-sala, sabia que agora, mais do que nunca, tinha que focar nos estudos, e assim foi para um banco de universidade. Tudo agora com sacrifício dobrado, mas conseguiu se formar depois de anos de labuta.

Nesta fase da vida, já estava bem empregado em uma rede bancária.

Segue nosso protagonista buscando ainda mais valorização a sua carreira na dança. Com isso, aceitava convites e mudou várias vezes de escola, sempre conquistando belas notas e acumulando prêmios de destaque na arte de ser mestre-sala.

Seu comportamento era exemplar, pois amava e se dedicava muito no aperfeiçoamento da dança. Travou amizades que o levou a fazer trabalhos de dança durante o ano todo, teve que se sindicalizar e tirou DRT. Com esta carteira, poderia exercer a arte em qualquer lugar do Brasil e no exterior.

Em 2014, surgiu a grande oportunidade da sua vida: ir realizar um trabalho de dança no exterior. Com isso, começou a projetar seu sonho maior, o de ter a sua casa própria.

Dos meses de maio a setembro, quando final do outono e inverno aqui, no outro lado do mundo era verão. Então, as empresas de divertimento faziam bons contratos e o dançarino do Brasil ia mostrar a arte no exterior. Pela amizade com os orientais, Hyldon Carlos passou a dar aula e ter maior participação nas manifestações culturais naqueles países que acontecia com ritmos latinos e notadamente sobre o Carnaval brasileiro, através do samba. Hyldon viu por vários anos uma maneira de poupar para a realização da sonhada casa própria.

Quando chegava no Brasil, em final de setembro, em meados de outubro, os preparos aqui para o Carnaval já estava fervilhando. Ele, que estava na vantagem com seu corpo quente pelo trabalho de dança que realizava no exterior, já estava pronto para os grandes ensaios e desafios com sua porta-bandeira, colocando em ensaio os movimentos coreográficos característico da dança do casal. O trabalho era frenético, mas chegava sempre bem para o dia dos desfiles.

Sonia, no Orum, observava seu filho amado administrando sua vida e caminhando para a vitória deste objetivo. Via seu filhote vivendo as delícias da vida, mas sempre com responsabilidade, via como sua cria era amado e respeitado no meio artístico, mas enxergava também em seu coração, na hora dos êxtases, a saudade que ardia forte no peito do menino. Aí, neste momento, pedia aos mentores muita proteção a seu filho amado, energia para que ele continuasse a trilhar o caminho do bem, porque a prosperidade viria fatalmente.

Os anos se passaram, e no final de 2018, o Hyldon chamou o amigo de sempre, João Lucas, e mostrou os documentos que assinalava ser proprietário de um imóvel ainda na planta, mas dera o primeiro grande passo para a sua morada. João Lucas chorou de alegria e juntos comemoraram com brindes e muitas risadas. Nossa personagem mãe teve a autorização dos benfeitores espirituais para assistir esta cena que encheu o coração daquele espírito laborioso de felicidade ao constatar que guiou para a estrada do bem seu filho único.

Texto: Ednei Mariano

Arte: Dyego Santos

Setembro de 2021

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Redação Sampa