Caminhada: Capítulo 4 – Alegrias e Dores

Com as disputas mais acirradas, as escolas corriam atrás de talentos da dança e de mestres que estavam se destacando para a defesa de seus pavilhões, em consequência, garantindo notas altas no quesito.

Os carnavalescos estavam se aprimorando em luxo e detalhes nas roupas dos casais, dupla que defendia a nota cheia de um quesito.

Hyldon Carlos já era destaque na área. Fora chamado para defender uma escola do grupo especial. Com 20 anos, já tinha esta incumbência e responsabilidade. Tito Arantes, um dos grandes carnavalescos da época, amigo pessoal de Sonia, a convenceu em deixar o jovem talento ir para a grande azul e branca paulistana.

Sonia, feliz com a situação, não deixava o filho só e com ele foi para a grande escola, como uma leão que defendia sua cria, abrindo espaço e o livrando das ciladas nesta classe artística.

2003 chegou, e com ele a sagração na arte. O menino derramou todo seu talento na pista iluminada do Anhembi. Seria o início de uma carreira vitoriosa. Venceu muitas dificuldades e transpôs várias barreiras para chegar a esta posição, agora era se aperfeiçoar ano a ano para continuar no topo, com boas notas e aproveitando as oportunidades para aqueles que faziam sucesso.

Nos desfiles Sonia, garbosa, com um vestido lindo todo em azul e branco, veio ao lado do casal, chamando a atenção do público e jurado para a beleza dos passos e cortejo do mestre para sua dama, em função do pavilhão oficial da grande agremiação da zona oeste paulistana.

O final do desfile foi apeteótico, as aberturas dos envelopes revelaram a grandiosidade da condução do seu filho e choveram notas 10.

Sonia chorou de alegria nos braços de amigos. Hyldon Carlos e sua dama era êxtase puro. No desfile das campeãs, que não havia competição, apenas festa, vários amigos de outras agremiações acompanharam o casal em uma noite memorável no palco do samba da paulicéia.

Vieram os desfiles de 2004, 2005 e o sucesso se repetiu. Na vida pessoal tudo em acenção também, as batalhas do dia dia, mas sem as tensões de anos atrás. Hyldon Carlos caminhava com objetivos profissionais, mas não deixava escapar o aperfeiçoamento em dança.

Chegou o Carnaval de 2006, preparativos e a tensidade misturada com a adrenalina deixou Sonia exausta, mas tudo ocorreu muito bem. Ela acompanhou o filho e aproveitou para desfilar com o amigo João Lucas na sua escola de coração, a Vai-Vai. Lá se divertiu como nunca, a euforia foi grande parecia uma despedida.

Em maio de 2006, Sonia se afastara do serviço, com fortes dores estomacais. Andou de médico em médico e nada de descobrirem a origem. Começou então uma bateria de exames e uma corrida médica, já que a cada dia, a enfermidade comprometia seu ânimo. Os amigos vieram em seu socorro, mas poucos podiam fazer já que nem a medicina da terra conseguia saber deste mal.

Como era espírita, foi se consultar com seus guia. Eles falaram que em breve descobriram este mal para ela. Não concluiram o diagnóstico, mas mandaram chamar o Hyldon Carlos em uma sessão e para ele disseram para se preparar que estava chegando a hora de sua mãe dar entrada de volta em Orum.

Sonia, com a dor física, e Hyldon, com a dor moral. Assim foram alguns meses, até que, na véspera de seu aniversário em setembro, Sonia deixava o plano material.

Texto: Ednei Mariano

Arte: Dyego Santos

Agosto de 2021.

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Redação Sampa