Caminhada: Capítulo 1 ─ Viagem no Tempo

Arte: Dyego Santos

João Lucas, homem rezador, se arruma em sua casa na Zona Sul da capital dos Paulistas. Veste sua calça e sua camisa clara, e logo chama um veículo por aplicativo, se dirigindo para um bairro da Zona Norte da cidade.

Vai apreciando e se admirando com o trânsito tranquilo na metrópole brasileira, e em 30 minutos já está na Freguesia. Diante de um prédio recém-construído de arquitetura moderna, visualiza a estrutura e repara que alguns dos terraços estão envidraçados.

João Lucas se anuncia na portaria, o funcionário em contato com o apartamento indicado libera a entrada. Ele se dirige ao apartamento 61 do bloco B deste conjunto com quatro prédios de nove andares cada. João caminha pelo pátio e observa um jardim recém-criado e bem cuidado. Tudo ali cheirava novo, plantas de várias matizes davam um colorido diferente na alameda. Entra no hall social, todo espelhado, o piso vitrificado com duas poltronas, uma verdadeira sala de espera. No final do amplo corredor tinham dois elevadores: um social, outro de serviços.

João, ao adentrar no social, admirou a máquina transportadora, um requinte, e também toda espelhada. Aperta o botão do andar desejado e, suavemente, o veículo o transporta, sem sentir solavancos ou barulhos chega ao andar desejado. 

Em frente ao elevador estava a porta de entrada do apartamento do amigo. Em segundos, a porta se abre e Hyldon Carlos, com um sorriso largo de satisfação, saúda o amigo e o convida para adentrar a sua conquista de vida. João Lucas, em um abraço longo e apertado, pode sentir toda a vibração daquele que feliz que o recebe.

João Lucas tinha idade para ser pai de Hyldon, foi amigo pessoal de sua mãe Sônia, e viu todo transcorrer de vida daquele que neste momento te recebia em seu lar. Estava constatando a vitória em uma caminhada de muitos obstáculos vencido por Hyldon Carlos, sentiu a presença da negra Sônia que ali se fazia em espírito, mas não comentou nada com o rapaz.

Sua mente voou no tempo voltando três décadas na história.

Lembrou-se que estava em uma roda de samba, muito normal nos anos noventa, e lá travou amizade com uma negra linda, corpolenta, de olhos negros e rasgado. Foi amor a primeira vista, uma amizade que perdura além desta vida.

Texto: Ednei Mariano

Arte: Dyego Santos

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Redação Sampa