A Porta-Bandeira da Escola de Samba Unidos de Vila Maria, conta sua trajetória no samba
Nascida e criada no samba, neta e filha de sambistas, mais especificamente de porta bandeiras, Laís Moreira iniciou sua trajetória como porta bandeira por acaso, em 1989 na “Unidos”, um bloco de bairro que desfilava na cidade de Diadema. A dança sempre foi o ar que ela respira, desde a barriga da sua mãe. Exercer esse papel de Porta Bandeira faz com que ela dê vida e continuidade a história de suas ancestrais.
Para Laís, representar uma escola carregando o pavilhão significa representar um povo, uma cultura. Ostentar o seu pavilhão é sinônimo de luta e resistência de uma nação que hoje está cada vez mais embranquecida, mas que por muitos anos foi empretecida e que resistiu e lutou por liberdade, tornando o samba uma forma de manifestação e protesto por igualdade social e racial. Se considera uma mulher preta privilegiada em poder guardar e conduzir com muito amor o manto sagrado da escola de samba “Unidos de Vila Maria” uma agremiação que não se esquece de quem veio antes e continua sempre cuidando de quem virá depois.
Laís Moreira acredita que a parte boa em ser uma porta bandeira é saber que o respeito pelo pavilhão se estende a sua pessoa, além do garbo e elegância que eles têm ao se vestir. Quanto as dificuldades, ela diz que são várias, porém nada que supere o amor pela sua arte.Sua grande inspiração no Carnaval sempre será sua mãe, pois sua dança é inspirada em tudo viu, vive e aprendeu sobre o que é ser uma PB e isso veio de dentro de casa, tomando chá com bolacha.
Para entrar na avenida, Laís Moreira se concentra com meditação, reiki, silencia os pensamentos, não conversa e não toca em ninguém depois de vestida com a fantasia para cruzar a pista com amor e alegria, respiração e água.
Outros nomes que admira na dança são personalidades como Sônia Maria, Rosângela (Nenê), Maria Gilsa, Ildely, Adriana Gomes, Ana Reis, Simone Gomes.
O enredo de 2017, “Aparecida, a Rainha do Brasil. 300 anos de amor e fé no coração do povo brasileiro”, foi em enredo especial. Mas o Carnaval de 2018 marcou sua trajetória, que foi quando sua saia caiu e esse episódio mudou complemente sua vida, trazendo coisas maravilhosas tanto pessoalmente, como no ofício de porta bandeira. Se não ocupasse a posição de porta bandeira, Laís Moreira teria vontade de seguir em outro segmento da escola como diretora de carnaval.
Um dos sonhos ainda não realizados é ser campeã do Carnaval no grupo especial de São Paulo, porém, o samba realizou todos os seus sonhos como porta bandeira.
O conselho de Laís Moreira para quem tem vontade de se tornar uma porta bandeira seriam muitos, mais o primeiro e principal seria estar preparada para abdicar de muitas coisas e assumir uma postura e comprometimento integral como porta bandeira e com o pavilhão.
Laís, que sua essência do samba e seu bailado, continue contagiando a todos!
Texto: Mariana Mello
