Positividade e paixão pelo que faz são algumas das qualidades de mestre Rodrigo Moleza, mestre da Bateria Cadência da Vila

Mestre Rodrigo Moleza: Instagram/Divulgação

O ano era 1996. Mestre Rodrigo Moleza, diretor da bateria Cadência da Vila, da escola de samba Vila Maria, fez seu primeiro desfile pela Águia de Ouro, escola do bairro onde nasceu e foi criado. Ingressou através de um amigo de seu pai que os levou para uma feijoada e de lá pra cá já foram muitos carnavais.

Tem a responsabilidade de gerir uma bateria que hoje é muito respeitada no Carnaval e no mundo afora e sente-se orgulhoso de fazer um trabalho tão consolidado na bateria Cadência da Vila, que completa 10 anos. São muitos aprendizados, muitos ritmistas formados pelos projetos e o desafio está sempre em manter esse trabalho em alto nível.

Geralmente a quantidade de ritmistas que costuma colocar na avenida, está entre 220 a 240 componentes, todos muito bem envolvidos e comprometidos com o projeto.

Ele acredita que as técnicas das baterias do Carnaval de São Paulo evoluíram muito. Todas as escolas estão em busca de execução e da perfeição dentro das suas características e do gosto pessoal de cada mestre.

Avalia que ao contrário do que alguns comentam, as baterias não são todos iguais, cada uma vem com uma personalidade e sua marca.

Com positividade, acredita ter uma grande safra de ritmistas a ser lapidada e já deixa logo sua dica: “Se souberem beber da fonte certa, farão história.”

Sobre o futuro do samba e o futuro do Carnaval, Mestre Rodrigo Moleza cita o saudoso Nelson Sargento, “O Samba agoniza, mas não morre…” e diz que com isso os sambistas precisam se reinventar, multiplicar conhecimento, multiplicar a arte e a cultura do samba, sempre respeitando os que já passaram por este caminho e deixando sua contribuição para muitos que ainda virão. Prevê um futuro promissor, desde que a forma de engajamento das comunidades seja repensada e reformulada.

Para o Carnaval de 2023, podemos esperar uma bateria mais uma vez muito competitiva, com novos talentos oriundos da Bateria Mirim e da Escolinha de Bateria adentrando ao ritmo da Vila Maria, ou seja, uma bateria unida, feliz e além de tudo muito ousada.

Na vida, suas grandes inspirações são seus filhos. Quer ser exemplo e motivo de orgulho para eles. No samba, traz Mestre Juca e Mestre Sombra que foram seus formadores como ritmista e Mestre Odilon, onde compactua de várias referências, ideias e mesma opinião.

Como ritmista, o samba que mais marcou sua trajetória foi o de 2004, “Do Além-Mar à Terra da Garoa… Salve Essa Gente Boa” e do ano de 2010, “Da criação do Universo ao sonho eterno do criador… Eu sou espelho e me espelho em quem me criou”, ambos sambas campeões da Mocidade Alegre.

Como mestre de bateria, o samba de 2012 da escola samba Mancha Verde, “Pelas Mãos do Mensageiro do axé a lição Odu Obará: a humildade” e o samba da Vila Maria de 2017, “Aparecida, a Rainha do Brasil. 300 anos de Amor e Fé no Coração do Povo Brasileiro” marcam também momentos da sua história.

Sua motivação enquanto Mestre de Bateria é formar ritmistas, multiplicando a sua arte. Ser exemplo de atitude para jovens que buscam boas influências pessoais e rítmicas.

Para ele, as duas faixas amarelas da passarela do samba trazem emoções distintas. Ao cruzar a linha amarela de entrada vem a responsabilidade de colocar um trabalho de geralmente 8 meses em 65 minutos de avenida. A faixa amarela da saída traz a sensação de alívio e dever cumprido, mas ressalta ainda que depois vem a apuração, aí haja coração. Como ele mesmo diz, “aí o buraco é mais embaixo” e talvez seja o único dia do ano que o deixa ansioso e nervoso.

Que seu legado seja multiplicado, que sua positividade seja contagiante e que você possa mostrar cada vez mais a sua arte em forma de ritmos.

Texto: Mariana Mello

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