Semeadores: Capítulo 1 – Primeiros Passos

Semeadores: Capítulo 1 – Primeiros Passos. Arte: Dyego Santos

Elpidio de Faria era um sambista paulistano que andava pelas bandas do Rio de Janeiro, nos anos 30 do século XX, na capital da república. O samba borbulhava e os grupos chamados de “escolas de samba”, nasciam e brotavam como água cristalina, e foi desta fonte que o jovem da pauliceia foi beber, se entusiasmou e trouxe a novidade para São Paulo.

Assim em 1935, fundava a escola de samba Primeira de São Paulo, na região dos Campos Elíseos, bairro central da cidade.

Deolinda Madre, a madrinha Eunice, negra linda e audaciosa para a época, em se tratando de samba, reuniu uma moçada em sua casa, na Rua Lavapés, tambem na região central, e fundou uma escola com o nome da rua, em 1937. Ali foi um celeiro de bamba, ela era considerada a Ciata dos paulistanos.

Lavapés Pirata Negro é o atual nome da escola, dirigida pelo sambista e ator Ailton Graça, mas tendo Rose Marcondes, a neta de Deolinda, como diretora.

Os anos seguram e no lado leste da cidade, um grupo de amigos fazia sambas em encontros semanais, aniversários e casamentos. Esse grupo foi liderado pelo descontraído e contador de história Alberto Alves da Silva. O grupo foi crescendo, e com a história de escolas de samba, resolveram fundar e se organizar para os dias de momo. Alberto era o mais animado da turma, e para homenageá-lo, colocaram o nome da entidade com o seu apelido. Assim nascia a Nenê de Vila Matilde, em 1949. A azul e branca trilhou um caminho de sucesso e foi a primeira escola de samba do Brasil a ter uma quadra coberta, e a única de São Paulo que desfilou na Marquês de Sapucaí, em 1985.

Da casa da Madrinha Eunice (apelido desta grande sambista, pelo motivo da quantidade afilhados. Então foi se espalhando do bairro para o mundo do samba e, até os dias atuais, Deolinda Madre é mais conhecida por esse nome) os sambistas saíram para fundar, na Zona Norte, notadamente no bairro do Parque Peruche, juntamente com Carlos Caetano, mais conhecido como Sr. Carlão, a escola que chegou grande, fazendo bonito em disputas regionais e dentro da metrópole. Foi assim que surgiu a Unidos do Peruche, em 1956.

Hoje, vivo e lúcido, Sr. Carlão é o ultimo semeador da época que está entre nós.

Se as escolas apareceram a partir de 1935, os grupos carnavalescos são bem mais antigos. Em 1914, Dionísio Barbosa comandou o Grupo Barra Funda, que se destacou pelas camisas listradas verde e branco, e os homens todos com sapatos bicolor. Muitos dizem que deste grupo de foliões nasceu, em 1953, sob a tutela de Inocêncio Tobias, a Mocidade Camisa Verde e Branco, de inicio cordão carnavalesco e, em 1971, tornou-se escola de samba. Sendo uma das campeãs em títulos da Pauliceia, teve seus anos dourados na décadas de 70 a 90, pelas mãos do Mulata, depois pelo filho, o Tobias, e pela grande dama do nosso samba, Magali dos Santos.

Na região da central cresceram muitos cordões carnavalescos, dentre eles, Campos Elíseos, Rosas, Negras, Cai-Cai, São Geraldo, Fio de Ouro, Paulistano da Glória, que na década de 70 voltou como escola de samba, pelas mãos de Geraldo Filme, um dos grandes poetas paulistano, que semeou lindos e inesquecíveis sambas, ao lado de Talismã, Ideval, Zé Di, Zeca da Casa Verde, B. Lobo, Jangada, Zelão, Osvaldinho da Cuíca, que estão no panteão dos poetas populares.

Final da Primeira parte.

Texto: Ednei Mariano.

Arte: Dyego Santos.

Maio de 2022

Deixe seu Comentário
Artigo de

Victoria Vianna