Coreógrafo da comissão de frente da Nenê de Vila Matilde, Fabio Sorriso vem nos contar seu amor pelo samba

Foto: Acervo pessoal

Ele já foi um dos principais símbolos do Carnaval, recebeu a chave da Cidade de São Paulo, e teve a responsabilidade de defender a maior festa popular brasileira. Estamos falando de Fábio Sorriso, também conhecido como Rei Sorriso, que representou o Carnaval como Rei Momo em 2019 nos conta um pouco do seu amor pelo samba.

Com quase trinta anos de Carnaval, começou no ano de 1993 trabalhando na cozinha do bar dos fundos da antiga quadra da “morada”, com sua tia, a baiana Maria das Dores (In memorian). Foi ela que o fez despertar a paixão pelo samba, pelo carnaval e pela Mocidade Alegre. Ela o passou o anel de bamba, que até hoje é honrado com muito orgulho e dignidade.

Com toda sua experiência no Carnaval, tem muita honra em contribuir com esse grande espetáculo. Com sua ancestralidade vem construindo um legado, baseado em valores que foram ensinados por pessoas das quais não poderia decepcionar. 

Teve passagens por algumas escolas, com algumas funções e em cada lugar escreveu um capítulo de RESPEITO, CARINHO, TRABALHO E ARTE. Desta forma, vem conseguindo eternizar o seu nome no samba de São Paulo, com a certeza de que seus ancestrais se orgulham de tudo o que foi conquistado até aqui. 

Atualmente é coreógrafo da Comissão de Frente da Nenê de Vila Matilde, e com todos os atributos e responsabilidades que uma comissão requer, Fábio Sorriso acredita que abrir o desfile de uma escola de samba, é ser porta voz de toda uma comunidade que sonha com a realização de um projeto, trazendo a responsabilidade de pedir licença física e espiritual para a escola passar por aquele palco sagrado contando uma história e defendendo um pavilhão. Sente-se como um embaixador, trazendo sua delegação a um país com a missão de atrair a atenção do público, estreitando laços e estabelecendo relações. 

A comissão da Nenê de Vila Matilde foi formada por alguns componentes da escola, outros amigos que já acompanham Fábio Sorriso em qualquer escola que ele esteja, algumas indicações do carnavalesco e direção e o resultado é um time afinado, coeso e com vontade de brilhar.  

Fábio acredita que para o bom andamento de uma Comissão de Frente, é indispensável o entrosamento, que no caso deles, mesclam momentos de cobranças, mas também de boas risadas e carinho. A proposta do carnavalesco Fábio Gouveia para essa comissão é irreverente e ao mesmo tempo descontraída, mas também carregada de emoção. 

Quanto ao futuro do Carnaval, com essa retomada das atividades, Fábio Sorriso cita Lulu Santos na canção “Tempos Modernos”, no trecho: “Eu vejo a vida melhor num futuro, eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia que insiste em me rodear”. Como um bom sambista, a retomada o deixa feliz e esperançoso, mas explica que gostaria de ver um engajamento maior por parte das escolas. Sonha com um carnaval onde a maioria das escolas sejam verdadeiras organizações, que ofereçam oportunidades de emprego, aprimoramento cultural, aumento do capital intelectual, acreditando no Carnaval como uma contribuição para o desenvolvimento humano em sociedade. Com entusiasmo, se diz disposto a trabalhar pra isso se tornar realidade.

Para quem tem vontade de ingressar em uma Comissão de Frente o recado é um só: “Se for por Ego, não venha!” Fábio Sorriso avalia que comissão de frente não é close! Comissão de frente é trabalho duro, dedicação e comprometimento. Existem cobranças, custos, além do desempenho de cada integrante poder colaborar ou acabar com o projeto de toda uma escola e sua comunidade. A dica é, estudar, pesquisar, tentar entender o papel da comissão de frente dentro de uma agremiação e se depois de entender, aceitar todas as dificuldades e ainda brilhar os olhos, você pode dar certo em uma comissão. 

No ranking dos seus sambas enredos favoritos, estão estes que tocam a sua alma:

– Mocidade Alegre, ano 2003, com enredo “Omi – o berço da civilização Iorubá” marcando sua entrada no quesito comissão de frente. 

– Dragões da Real, ano 2019, com enredo “A invenção do tempo – Uma odisseia em 65 minutos” marcando sua consagração de Rei Momo do carnaval de São Paulo, no qual pode podendo contribuir para o enredo, tornando-o ainda mais especial. 

– No mesmo ano de 2019 quando entrou na pista de Rei Momo pra receber a primeira escola que na ocasião era a Colorado do Brás e foi recepcionado pela arquibancada monumental lotada gritando pela corte ao som de “Hakuna Matata”. Um momento único e eternizado na memória, que até hoje o emociona só de lembrar. 

– União da Ilha, ano de 1982, com enredo “É hoje”, que traz um questionamento sobre ser “Rei” e quando Fábio sonhava com esse título esse samba tocava seu coração. 

Quando ultrapassa a linha amarela na passarela do samba, Fábio Sorriso só consegue pensar que tem essa fração de tempo pra mostrar seu trabalho, sua dedicação, seu amor pela arte e pelo carnaval, defendendo a sua vida, sua arte, fazendo valer a pena e isso ele faz com maestria. 

Ainda bem que ainda temos Fábios, temos Sorrisos para engrandecer o Carnaval com alegrias e histórias. O nosso samba agradece! Voa, Fábio Sorriso! 

Texto: Mariana Mello

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Redação Sampa