Caminhada: Capítulo 2 ─ Buscando Espaço

Arte: Dyego Santos

A década de 90 foi muito promissora para os desfiles das escolas de samba paulistanas. As autoridades políticas da cidade começaram a enxergar que o turismo de negócios com a inauguração do Sambódromo poderia atrair ainda mais turistas para a nossa festa momística, sendo assim começaram a investir mais forte nas verbas para a realização da festa. Neste bojo, nossos sambistas começaram a ter mais destaques através da mídia. Nesta época também, começaram a aparecer as redes sociais.

João Lucas era um grande dançarino, um dos pioneiros a ter DRT em dança. Destacava-se também na produção de eventos ligados à cultura negra. Seu trabalho era reconhecido nos meios sambísticos, como também nas secretarias de Cultura do Município e do Estado.

Depois daquela roda de samba em que conheceu Sonia, iniciou uma grande e duradoura amizade entre ambos até a partida na amiga para o plano espiritual. Ela contou sua historia de vida para João Lucas, do seu amor avassalador por Joel, e desta relação o nascimento de Hyldon. Além disso, relatou sobre a desilusão nesse romance e os caminhos percorridos até ali, com muita dificuldade para dar o melhor a seu rebento.

Sonia era funcionária da Secretaria de Cultura do Município de Diamante, uma cidade dormitária na grande São Paulo. Mesmo com as dificuldades de criar um filho sozinha, ela procurou para Hyldon sempre boas escolas. A cada início de ciclo escolar, levantava pela madrugada e era a primeira da fila em busca de uma bolsa de estudo no Sesi, em Diamante, assim, conseguia manter seu filho nessa unidade educacional muito concorrida na região, e a criança saberia aproveitar, terminando o primeiro ciclo sempre com boas notas.

Mesmo com a dificuldade financeira e luta diária, não foi tirada a alegria desta mulher preta de cadeiras largas e de sorriso contagiante, com muito samba no pé. A dança de salão a levou a ser uma das melhores porta-bandeiras de Diamante, o que a encorajou a frequentar os ensaios da Vai-Vai, em Sampa, e frequentar o curso ministrado por Dona China, grande porta-bandeira dos anos 70 a 90 do Carnaval paulistano pela escola da Bela Vista, que agora, aposentada na dança, se dedicava a ensinar aqueles que a procurava. Sonia fez muitos amigos ali, e era paparicada por China, que reconhecia nela o valor de dança e a dedicação em estar sempre presente nas aulas e ensaios da preta e branca paulistana.

Hyldon Carlos, desde de garotinho, sempre estava na companhia da mãe. Logo, pegou amor pela arte da dança. A mãe percebendo isso não poupava esforços para colocá-los na capoeira; levava o menino para fazer Jazz e dança de salão. Assim, nasceu esse grande dançarino não só nas passarelas, mas no salão e nos palcos. Com 13 anos, Hyldon Carlos já era sucesso como passista e dava seus primeiros mais decisivos passos como mestre-sala.

Texto: Ednei Mariano
Arte: Dyego Santos
Agosto de 2021.

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Redação Sampa