Samba, Suor e Saudade: Gilmar Cunha conta sua trajetória como mestre de bateria, seus desafios e sua saudade no mundo do samba

Gilmar Cunha, mestre de bateria. Foto: Acervo Pessoal

Garoto nascido em Cascadura, Gilmar Cunha conheceu o samba aos 11 anos de idade, ao entrar na quadra do Império Serrano, no Rio de Janeiro. “Foi em um ensaio de domingo, Madureira estava lotada. Ouvi o toque do agogô de longe, e foi a grande paixão desde então”, conta o sambista.

Gilmar afirma que já tinha noção de instrumentos por presenciar rodas de samba de seus tios em casa, mas foi no Império que aprimorou e aprendeu a tocar os instrumentos de uma bateria. Passou por vários naipes até se tornar diretor de bateria, aos seus 25 anos .

Dali em diante foi outro aprendizado, começou a ter responsabilidades dentro de uma bateria, onde até então era diversão. Inesperadamente, aos 31 anos, se tornou mestre de bateria. “Foi um susto muito grande, mas com uma gratidão por todos que ali estavam acreditando em mim”, diz.
Ao longo de sua trajetória, ficou durante 11 anos no comando da bateria do Império Serrano, “com muita garra, porque foi uma das piores fases que o império passou, ficou amargurando durante 7 anos no grupo de acesso, mas foi tbm muito honroso defender aquele pavilhão em uma época tão difícil”, conta Gilmar.

Por fim, o mestre de bateria afirma

Carrego comigo histórias que nunca tiraram de mim, amigos, ídolos, imperianos de verdade.
Agradeço a Deus por todo tempo que ali fiquei.
Me tornei homem, pai, um grande apaixonado por essa agremiação que merece muito respeito.

Suor

Gilmar conta sobre um desafio em sua carreira. Em seu último ano a frente da bateria, em 2020, quando as fantasias chegaram uma hora antes do desfile. Já na concentração, com todos os ritmistas ali presente, esperaram as fantasias com um “desânimo total”, mas tentou ser forte, procurando incentivar a todos.

O mestre de bateria conta que pegou seu carro e, por alguns instantes, chorou como nunca havia chorado. “Pedi forças a meu pai são Jorge guerreiro para que eu conseguisse chegar ao final da avenida com cabeça em pé e muita dignidade com minha bateria. Foram dias esperando a fantasia chegar, angústia, nervosismo, correria para depois saber que não chegaria na hora do desfile”, desabafa.

E completa: “Sempre tive total confiança na bateria do Império Serrano, mas ali eu me deparei com um momento difícil, que não cabia a mim se daria certo ou não”. Por fim, o mestre agradece a cada um dos ritmistas que estavam com ele naquele momento, pois, mesmo com o desânimo do atraso das fantasias, a bateria conseguiu uma performance inexplicável, e perdeu apenas um décimo no julgamento.

Saudades

Neste espaço, os sambistas contam sobre suas saudades. Gilmar conta que sua saudade é seu grande padrinho, o baterista, cantor e compositor Wilson das Neves. “Um dos grandes que acreditaram em minha capacidade e desfilou ao meu lado até o ano de sua morte”. Gilmar conta que tem como homenagem ao seu padrinho, uma tatuagem em seu braço com uma frase de um dos seus grandes sucessos: “O samba é meu Dom”.

Acompanhe o trabalho de Gilmar Cunha:

Instagram: @mestregilmarcunha

Texto: Jace Lucas

Edição: Victoria Vianna

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Artigo de

Redação Sampa