No Dia do Mestre-Sala e Porta-Bandeira paulistano, AMESPBEESP completa 26 anos

Conheça a história da instituição que forma novos casais para o Carnaval de São Paulo

Casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola de samba Águia de Ouro, em 2016. Foto: Paulo Pinto/LIGASP/Fotos Públicas

A presença de um mestre-sala e uma porta-bandeira é essencial dentro de uma escola de samba, afinal, é o casal que apresenta ao público o símbolo maior da agremiação, o pavilhão. 

Nesta quinta-feira (10) é comemorado em São Paulo o Dia do Casal de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Estandarte. A data foi criada em homenagem a Maria Gilsa Gomes do Santos, porta-bandeira de escolas de samba como Acadêmicos do Tucuruvi e Rosas de Ouro, que faleceu em 2008. 

Neste mesmo dia, em 1995, foi fundada a Associação dos Mestre-salas, Porta-bandeiras e Estandartes de São Paulo (AMESPBEESP). Ednei Pedro Mariano, atual presidente da entidade, conta que a criação da AMESPBEESP começou por meio de uma entrevista dele com Gabriel de Souza Martins, o Gabi, para a Rádio Gazeta. Durante essa conversa, Ednei e Gabi abordaram juntamente aos jornalistas presentes sobre os mestre-salas de São Paulo que estavam buscando aprender ballet clássico para poderem concluir suas formações em dança clássica que, segundo Ednei, não tinha muito a ver com a dança apresentada pelo casal durante o desfile. Pensando nessa necessidade, os jornalistas Evaristo de Carvalho e José Carlos Alvarenga os questionaram sobre a criação de uma associação que formasse esses casais. 

A ideia então começou a ser concretizada juntamente à outros mestre-salas e porta-bandeiras de São Paulo, além de outras pessoas que não atuavam na área mas se interessaram pelo projeto e, após vários encontros no Sambódromo do Anhembi, a AMESPBEESP foi criada com o objetivo de auxiliar e formar casais de mestre-sala e porta-bandeira.

Pavilhão da AMESPBEESP. Foto: Divulgação

Mas a história do presidente da instituição com o bailado começa bem antes da década de 1990. Ednei relata que começou a dançar em 1971 como passista da escola de samba Vai-Vai e quatro anos depois se tornou o primeiro mestre-sala da recém nascida Barroca Zona Sul, no ano de 1977. “Quando meu tio mudou para a Vila Mariana, ele resolveu fundar uma nova escola de samba, que era a Barroca Zona Sul, e me avisou que na ‘Faculdade do Samba’ eu assumiria o posto de primeiro mestre-sala. Me levou ao Rio de Janeiro para ter aulas com ‘Seu Delegado’ que era mestre-sala da Mangueira para me preparar para começar a dançar e no terceiro ano de existência da escola eu iniciei no cargo”, conta.

O experiente mestre-sala também passou por outras diversas agremiações paulistanas como: Acadêmicos do Tucuruvi, Acadêmicos do Ipiranga, Unidos de São Lucas e Rosas de Ouro.

Ednei Pedro Mariano e Maria Gilsa Gomes dos Santos, casal de mestre-sala e porta-bandeira da Sociedade Rosas de Ouro, em 2006. Foto: Acervo Pessoal

O bailado em solo paulistano

Conhecemos a importância de um de mestre-sala e porta-bandeira e da porta-estandarte para uma escola de samba, mas, como se iniciou a presença dessas pessoas no Carnaval de São Paulo? 

Ednei conta que a fundadora da escola de samba Lavapés, considerada uma das pioneiras de São Paulo, era Madrinha Eunice que foi quem trouxe a figura de mestre-sala e porta-bandeira para o Carnaval paulistano. O mestre-sala aborda também que uma porta-estandarte era mais valorizada na época do que uma porta-bandeira. Foi então que em 1966, em Santos, as quatro escolas de samba de São Paulo (Lavapés, Unidos do Peruche, Nenê de Vila Matilde e Acadêmicos do Tatuapé) e agremiações do Rio de Janeiro e de Santos participaram de um congresso em que se discutiu e concluiu que a partir do ano seguinte, o casal de mestre-sala e porta-bandeira seria quesito para julgamento. Porém, apenas em 1968 ─ ano em que o Carnaval de São Paulo foi oficializado pelo poder público ─, esse julgamento passou a ser concretizado.

Conversando com a nova geração

Para ser um mestre-sala, porta-bandeira ou estandarte, Ednei aconselha que a pessoa tenha muito amor ao pavilhão e à essa arte, pois, além do cotidiano, há toda uma preparação para que os movimentos sejam bem executados durante o desfile, por conta do julgamento, e, muitas vezes, não há um retorno financeiro por exercer essa função na avenida.

O presidente da AMESPBEESP também afirma que para se tornar um mestre-sala, porta-bandeira e estandarte é algo democrático, ou seja, qualquer pessoa pode ser, mas que além do amor pelo pavilhão é importante que a pessoa se dedique e faça algum curso para estudar os movimentos que precisam ser realizados durante a apresentação, não só por executar a dança de maneira correta, mas também por conta da história e o significado que esses movimentos e o casal de mestre-sala e porta-bandeira e a porta-estandarte têm.

Último curso realizado pela AMESPBEESP antes da pandemia de Covid-19, com a Acadêmicos do Tucuruvi em 2019. Foto: AMESPBEESP

“Hoje em São Paulo nós temos grandes mestres e grandes damas e isso tem influência da AMESPBEESP que, desde a sua fundação, promove curso de formação básica para mestre-sala, porta-bandeira e porta-estandarte e, com isso, nasceu uma excelente geração de mestres-salas, portas-bandeiras e também porta-estandartes que desde 2017 são julgadas como os casais”, afirma.

Texto: Jéssica Souza e Victoria Vianna.

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Redação Sampa