Capítulo 3 – Ritmo do samba a batida do coração

Arte: Diego Santos / Foto na arte: Acervo do historiador J.Muniz

A rua Siqueira Campos estava lotada, entrar na quadra da escola de samba era quase impossível. A alegria reinava e a expectativa de um grande desfile, que poderia culminar com mais um título, dava o tom a energia, que estava em cada componente da escola.

Velhas senhoras com suas saias brancas engomadas a rodarem. O casal de Mestre Sala e Porta Bandeira, molhados de suor, não perdiam a elegância e a galhardia em ostentar ela e defender ele, o manto verde branco da escola do Macuco. Os sambistas mais antigos vinham em uma cadência clássica abrindo o caminho, era a comissão de notáveis da Pioneira. O cortejo seguia com vários grupos de sambistas, denominados de ala, a bateria ritmada e os cantores entoando o hino a ser defendido na avenida. O cortejo ia ganhando as ruas do bairro operário de Santos.

Famílias inteiras, com suas cadeiras na porta de casa, apreciavam o samba naquela noite quente de verão, aplaudiam a cada reverência dos foliões, que respondia com mais gingado. Os jovens trançavam suas pernas em movimentos acrobáticos, chamando a atenção para o rebolar das meninas passistas.

Elvira e suas amigas, animadas e contagiadas com a alegria dos brincantes, se entreolharam e arriscaram alguns passos copiando as garotas passistas da escola. Os rapazes acompanhavam o ritmo e o canto com marcação nas mãos.

A apoteose deste encanto ocorreu quando a bateria xisnoveana, passou por eles  e Otávio firme nas passagens do tamborim, teve tempo para um rápido sorriso aos amigos e uma piscada a sua amada. O coração de Elvira neste instante disparou no ritmo frenético da bateria.

Ali estava seu Orfeu, ainda mais iluminado nesta semana de carnaval, seu ébano, seu príncipe deste carnaval. Elvira era só alegria e emoção, seu coração realmente havia sido flechado por Otávio.

A lua ficou ainda mais linda, quando deram em si, Elvira e as amigas estavam totalmente integradas , acompanhando o refrão do lindo samba, que contava a história da Independência do Brasil.

Assim, nesta atmosfera de descontração, terminou o ensaio e os jovens foram para a Ponta da Praia, para aproveitarem as últimas horas daquela  quinta-feira, pré-carnaval.

Otávio e Elvira, enamorados, fizeram a apoteose da noite envolvidos em carícias, até que ele deixa sua amada em sua residência e se encaminha com seus primos para a Vila Mathias.

Sexta feira, acordou nossos personagens com um céu limpo e azul na cidade de Santos, naquela noite começava os bailes de carnaval e nossos jovens se aprontaram com suas fantasias de salões. Na noite, daquele mesmo dia, estavam no clube Saldanha da Gama para o baile carnavalesco. O local ficava a beira mar e de seu salão de festas envidraçado, uma bela vista para o calçadão da orla  santista.

Texto: Ednei Mariano

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Redação Sampa