Anhembi: 30 anos do solo sagrado do Carnaval paulistano

O grande palco do Carnaval de São Paulo foi inaugurado no dia 1°de fevereiro de 1991 e acumula diversos momentos marcantes

Foto: João Belli

Em 2021, o Anhembi, grande palco dos desfiles dos três principais grupos das escolas de samba da cidade de São Paulo, completa 30 anos. Inaugurado no dia 1°de fevereiro de 1991, o Polo Cultural e Esportivo Grande Otelo, mais conhecido como Sambódromo do Anhembi, está situado na Zona Norte da capital paulista e foi projetado por Oscar Niemeyer. O espaço possui 10 setores de arquibancada, pista, camarote, camarins e duas arenas para shows. 


Além de ser o palco do Carnaval de São Paulo, o Complexo do Anhembi recebe eventos esportivos, como a Fórmula Indy; feiras de carros antigos e empreendedorismo; shows, como o da cantora americana Miley Cyrus, em 2014; e o grande evento de tecnologia, a Campus Party.

O primeiro Carnaval no Anhembi


Após décadas de desfiles em importantes vias da cidade de São Paulo, os principais grupos de escolas de samba ganharam um novo espaço. Na disputa pelo primeiro título do Grupo Especial no Sambódromo do Anhembi, 10 agremiações desfilaram na mais nova passarela do samba no dia 09 de fevereiro de 1991. Rosas de Ouro e Camisa Verde e Branco foram as grandes campeãs do Carnaval de 1990, e traziam, respectivamente, os enredos “De Piloto de Fogão a Chefe da Nação”, abordando sobre a ascensão da mulher na sociedade brasileira e “Combustível da Ilusão”, que contava sobre a cerveja.


Além das campeãs, participaram do Carnaval de 1991 as escolas de samba: Vai-Vai, Leandro de Itaquera, Unidos do Peruche, Mocidade Alegre, Barroca Zona Sul, Nenê de Vila Matilde, Águia de Ouro e Passo de Ouro (que foi a primeira escola de samba a fazer um desfile no Sambódromo do Anhembi). Neste campeonato, Rosas de Ouro e Camisa Verde e Branco se sagraram campeãs mais uma vez e Águia de Ouro e Passo Ouro foram rebaixadas para o Grupo 1.

A história do Carnaval dentro do Sambódromo do Anhembi


Além da construção de uma passarela do samba, outras novidades foram chegando para mudar o rumo do Carnaval paulistano. Tempo de desfile, quantidade de agremiações dentro dos grupos, nome dos grupos de acesso (que antes eram apenas chamados de grupos 1 e 2) e julgamento dos desfiles das escolas foram algumas das principais mudanças, com o intuito de melhorar o espetáculo.


O Sambódromo do Anhembi foi palco de importantes conquistas no Carnaval, como por exemplo, o tricampeonato da Mocidade Alegre (2012, 2013 e 2014), os 9 títulos do Vai-Vai (sendo consagrada como a maior escola de samba campeã do Carnaval de São Paulo, com 15 títulos no total) e a ascensão de agremiações recém criadas, como a Império de Casa Verde. Além disso, em 2000, foram comemorados os 500 anos do descobrimento do Brasil, e para celebrar o fato, as 14 escolas de samba do Grupo Especial se propuseram a dividir alguns momentos marcantes da história do país e cada uma contar uma parte na avenida, tornando-se um dos principais momentos do Carnaval paulistano. 


Não faltaram também dentro do Anhembi desentendimentos durante os desfiles e apurações que definem o campeão do Carnaval. Afinal, está “em jogo” todo um ano de trabalho e dedicação de uma comunidade para colocar sua escola de samba na avenida. 


No Carnaval, mesmo com todo o profissionalismo, a emoção sempre fala alto. A concentração (espaço do Sambódromo em que a escola de samba é preparada para o desfile) se torna um lugar de oração, organização e extravasão de cada componente da agremiação para fazer com que a passagem da escola seja a melhor possível. Já na dispersão (onde se encerra o desfile) é mostrado o alívio das agremiações por terem feito um desfile dentro do tempo estipulado (uma hora e cinco minutos) e por terem garantido uma boa passagem na avenida, mas também há momentos de apreensão pelo limite de horário estourado ou algumas falhas da escola durante o desfile. Em resumo, tudo pode acontecer.

A incerteza de um Carnaval em 2021


Em 2020, após os desfiles e comemorações de títulos das escolas de samba, o Brasil começou a vivenciar um dos piores acontecimentos de sua história: a chegada do novo coronavírus. Com isso, as quadras das agremiações tiveram de fechar suas portas, com uma grande incerteza do que viria pela frente. Em julho de 2020, foi decretado pela Prefeitura de São Paulo o cancelamento do Carnaval em fevereiro, sem ter ─ até hoje ─ uma definição de data para um desfile em 2021.


No ano em que o Sambódromo do Anhembi comemora seus 30 anos, o Carnaval vive uma de suas maiores dificuldades da história. Entretanto, os próximos desfiles das escolas de samba (em 2021 ou 2022) serão aguardados por muitos, após a imunização contra a doença, como um momento em que se tenha o retorno do contato entre as pessoas e celebração do evento com segurança; e, com certeza, o Sambódromo do Anhembi será ─ mais uma vez ─ o grande palco de um espetáculo que ficará guardado na história.

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Artigo de

Victoria Vianna