Dezembro de 2020, em tempos normais o nosso povo da dança estaria contando os dias para a chegada do natal, o motivo é simples, de olho nas folgas na semana que separa a data natalina com a entrada do Ano Novo.
Uma pausa esperada para a louca rotina de ensaios, já visando o carnaval que estaria nas portas em tempo normal.
Época que os barracões das escolas de samba, tem uma merecida pausa para os festejos tão tradicionais nesta terra de cultura católica.
Em tempos normais a velha e a nova costureira, estariam dando o descanso merecidos as mãos que cortam e costuram, aos pés que aceleram as máquinas nas confecções das fantasias tão esperadas para embelezar e dar sentido ao tema onde milhares de sambistas cruzam as pistas nos dias de desfile.
Em tempos normais, os ateliers de fantasias onde se confecciona os grandes destaques e as belas fantasias dos casais de Mestre Sala e Porta Bandeira e a bela fantasia da Estandarte que hoje é quesito nos Blocos de fantasia da Uesp, os artistas desta área se despendem para o merecido descanso.
Em tempos normais os aderecistas dão folga para as tesouras as colas, porque chegou o tempo de recuperar as energias para a reta final dos trabalhos.
Mas a realidade deste 2020 é outra, nossos Casais estão em casa, nossos Estandartes em casa com seus pavilhões enrolados, nossos barracões vazios, nossos ateliers empoeirados, nossas costureiras sem seus afazeres.
Hoje estamos assim, olhos e ouvidos nos telefones, que quando tocam, o coração dispara, já esperando a notícia de mais um familiar um amigo internado ou em óbito.
2020, um ano que entra para história da humanidade, de forma trágica, com muitas perdas, muitas dores causadas por este vírus, o Corona.
Um ano enlutado onde muitos da nossa cultura estão vivendo momentos de alta dificuldade por falta de recursos, além da dor, a fome campeia em vários lares.
2020, um ano de valorizar o abraço, o beijo e o simples aperto de mão, valorizar aquele afago que ficou longe.
2020, em que valorizamos o vizinho, os amigos, porque todos ficamos distantes esta distância deste ano que nos aprisionou sem a sentença judiciaria.
2021, vem aí, estamos cheios de esperança, de voltar aos tempos normais, ver nosso povo trabalhar e festejar, estar com você, e você comigo, que venha este ano, então FELIZ ANO NOVO.
Texto Ednei Pedro Mariano
Arte: Dyego Santos
