2020 e a consolidação do carnaval de rua em São Paulo

Divulgação: Prefeitura de São Paulo

Histórico. Não há outra palavra para descrever o carnaval de 2020 na capital paulista. A festa atraiu mais de 15 milhões de pessoas e contou com 678 desfiles. Não podemos nos esquecer que o evento foi reconhecido como patrimônio imaterial do Estado. Sobre os foliões, 73,6% eram de São Paulo e outros 26,4% turistas. Os dados são da Prefeitura de São Paulo, através de pesquisa realizada pelo Observatório do Turismo.

Não trarei para o assunto o quanto o evento movimentou a economia, mas adianto que foram milhões.

De fato, precisamos ser sinceros: São Paulo não era um ponto turístico, tão emocionante, para curtir o carnaval como Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Então, por que a capital paulista passou a ser um dos maiores polos carnavalescos do país? Gosto de creditar às mídias sociais, o crescimento potencial do evento, nos últimos quatro anos. Digo isso, porque as movimentações dos blocos de rua passaram a ter mais aderência do público quando foram divulgados através das redes.

Além disso, os blocos de rua configuraram um novo eixo de folia – a diversidade para todos os grupos. Ainda de acordo com a pesquisa da Prefeitura de SP,  29,8% das pessoas optam por bloquinhos, graças, a sua multiplicidade de temas. Porém, calma! Não estou dizendo que o carnaval de avenida não é democrático, longe disso, ele é o maior festival de manifestações democráticas brasileiras.

Mas, a situação é: nem todo mundo tem dinheiro para acompanhar os desfiles pessoalmente. E apesar do samba e toda sua manifestação ter nascido no alto do morro com os negros, com o tempo, a sensação de usurpação da elite fez a festa se afastar um pouco do seu povo.

E o que isso tem a ver com o carnaval de rua em SP? As pessoas querem pular carnaval, mas nem todas têm dinheiro. Elas querem se conectar com a festa e é isso que os bloquinhos promovem: conexão. Quem vem, é através dos eventos criados nas redes sociais. Isso não é uma competição. Há anos não vejo uma movimentação tão intensa e tanto interesse pelos enredos das escolas de samba como agora, o que é maravilhoso porque não podemos entregar essa parte tão enraizada da nossa cultura.

Deixo apenas meu alerta de que talvez o ciclo se repita e os blocos de rua, hoje gratuitos, ao ar livre e com muito glitter se tornem pagos, elitizados (alguns já são). Enquanto isso não acontece, continuamos a acompanhar o crescimento exponencial do evento.

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Artigo de

Redação Sampa