Por que os negros não comemoram o dia 13 de maio?

 

 

A Lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel em 1888, por muitos anos a data foi considerada como um ato heroico

Fazem 132 anos que a Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel, que na data ocupava a Regência do Império do Brasil, já que seu pai, Dom Pedro II estava afastado por motivos de saúde. O fato aconteceu para transformar a realeza como protagonista de um ato “generoso” perante a elite branca, não só da época, como até hoje é intitulada por muitos como a “salvadora dos negros oprimidos”.

Na época muitos negros já tinham recebido suas cartas de alforria (pois já vinha ocorrendo algum tempo uma pressão de países aliados que já tinham abolido a escravidão para que acontecesse também no Brasil), a assinatura não libertou 100% dos escravos, pois muitos já eram livres, mas a proibição da escravidão no país de fato ocorreu na data. Mas após libertos, o que aconteceu com os negros? Será que foram criadas condições sociais para que os mesmos fossem inseridos de forma digna na sociedade?

Não houve nenhuma integração por parte das classes dominantes para que a população negra fosse inserida no novo formato de vida e trabalho. Os senhores (“ex-donos dos escravos”), assim como o Estado e a Igreja, lavaram as mãos, se eximiram de assumir qualquer responsabilidade de propiciar subsídios para as mudanças no regime de organização trabalhista.

Até chegou ocorrer um “debate” na época para tentarem algum tipo de recurso para os recém libertos, o que propiciaria acesso a terras, para que as famílias tivessem condições de se sustentarem e começarem uma nova jornada. Mas obviamente isso não aconteceu, as vagas de trabalhos e terras foram destinadas para pessoas brancas e para os imigrantes.

Desde o início dos anos 80, os movimentos negros começaram a considerar a data da pseudo abolição como um dia luta contra o racismo. Para alertar as pessoas que a Leia Áurea não deu condições reais de inserção da população negra no contexto social do Brasil. Não podemos negar que o dia 13 de maio entrou para o calendário histórico, mas não dá forma que foi relatada por muitos anos através dos livros didáticos. Houve sim uma abolição formal, mas que deixou povo preto jogado ao léu, na sarjeta, deixados à sua própria sorte. Parece que mesmo com todo o sofrimento que os negros passaram durante e após a escravidão, não eximiu que em pleno século XXI ainda exista muito preconceito por conta da cor da pele, velado ou não, mas existe. Os negros não se vitimizam como muitos falam, eles ainda tentam se recuperar dessa traumática abolição que ainda tem seus resquícios em forma de desigualdade racial e social. É inadmissível que em 2020 a população preta ainda tenha que lutar por igualdade! Por isso é extremamente necessário que o dia 13 de maio seja uma data para se falar de empoderamento, representatividade e resistência, e não ser uma data comemorativa.

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Artigo de

Redação Sampa