Capítulo 3 ─ Viajando pelo Brasil

Arte: Dyego Santos

Chegou os anos cinquenta, José volta a Cruzília, que de pequena vila tinha se tornado uma cidade. No local, encontra a garota, que agora é moça, e se apaixona pela bela Ester, e em quatro meses de namoro, casa-se e traz sua amada para São Paulo.

Nesta época, José estava muito envolvido com o Cordão e de tocador de bumbo, torna-se o presidente do grupo. Já Ester não gostava muito do samba, mas apoiava o marido se dedicando a vida doméstica. Nos imbróglios técnicos e financeiros orientava o amado nas decisões, pois tinha uma visão ampla na administração de bens.

Amor grande, começa a chegada dos filhos. Nesta época, José trabalhava na construção da refinaria de Cubatão, no pé da serra do mar e lá tinha muito contato com índios das reservas da região. Pelo seu lado cultural começou a colocar nomes de origem indígena em seus filhos, sempre buscando saber o significado de cada um.

José e uns amigos de trabalho compraram uma grande área no bairro de Vila Mariana, que estava, nesta época, em franca urbanização. De acordo com a quantia investida, era o tamanho do lote que cabia a cada um dos amigos. Ali construíram suas casas e cada qual com a documentação do seu terreno.

Os anos cinquenta foram avançando e José volta a trabalhar pelo Brasil, comandando também canteiros de obra em países vizinhos, tais como, Bolívia, Colômbia e Paraguai. Ele ficava meses fora de casa, mas chegava o mês de janeiro, lá vinha o negro de careca brilhante a comandar seu cordão, preparando para as festas momísticas.

A cada ano, os cordões e as escolas iam crescendo, e nos dias de carnaval, as competições estavam em vários pontos da cidade, às quais eram organizadas por emissoras de rádio, clube de lojistas. As entidades se inscreviam meses antes para as disputas, os desfiles começavam no domingo de carnaval e iam até a madrugada de terça-feira. Na quarta-feira de cinzas, todos iam à igreja para os ritos de entrada de quaresma. Somente depois disso, José voltava à sua rotina, vendo os filhos crescerem, procurando dar o melhor a cada um em termos de estudo. 

José, pelo seu conhecimento e valor, fazia parte da sociedade negra da época.

A família crescia e nos anos sessenta, já tinha cinco filhos, três meninos e duas meninas, todos com nome extraído da cultura indígena.

Texto: Ednei Mariano

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Redação Sampa