Conheça 10 enredos afro para o próximo Carnaval

Dez agremiações vão levar para avenida as várias faces do povo negro brasileiro. Conheça um pouco de cada um dos enredos:

No próximo Carnaval, 10 escolas de samba de São Paulo contarão temas afro no Sambódromo do Anhembi. Foto: Divulgação

Grupos Especial

Águia de Ouro – “Afoxé de Oxalá – ‘No Cortejo de Babá’, Um Canto De Luz Em Tempos De Trevas”

A campeã do Carnaval 2020 vai levar para avenida no próximo Carnaval seu primeiro enredo totalmente afro da história da escola. A mitologia do orixá da paz será o tema da Águia de Ouro, que deseja levantar a bandeira do combate à intolerância religiosa na avenida. Confira o samba oficial.

Mocidade Alegre – “Quelémentina, Cadê Você?”

Clementina de Jesus será o tema da ‘Morada do Samba’. Umas da matriarcas do samba, a artista foi uma das responsáveis pela popularização do ritmo de matrizes africanas no Brasil. Clementina gravou cinco álbuns, que trazem a essência da ancestralidade, a sambista também participou do disco “O canto dos escravos” (1982), com Tia Doca e Geraldo Filme. As músicas eram acompanhadas somente por atabaques, agogôs, ganzás e outros instrumentos de percussão. Em 2021, Clementina completaria 120 anos. Confira o samba campeão.

Acadêmicos do Tatuapé – “Preto Velho canta a saga do café num canto de fé”

Pela ótica do Preto Velho, a Acadêmicos do Tatuapé narra a história do café. Com inúmeras ligações, o grão de origem africana vai de encontro com a entidade da região afro-brasileira Umbanda. “Nasci e morri na Fazenda, no interior de Minas Gerais. Lá, o café era ouro que meu patrão transformava em anel, às custas do trabalho do meu povo, um trabalho muito cruel. Em troca de tanto esforço, nada recebiam, apenas vestia uns trapos no corpo e só pão embolorado comia. E assim, vi muito suor e sangue dos meus irmãos no cafezal. Mãos calejadas da enxada e suja de terra, que sempre exigia mais de nossos corpos suados, de nossos corpos cansados”, conta a sinopse publicada pela escola, localizada na Zona Leste de São Paulo.

Para o próximo Carnaval, a Acadêmicos do Tatuapé optou pela junção dos dois sambas finalistas para cantar na avenida, sendo eles o 01 e o 17.

Barroca Zona Sul – “A evolução está na sua fé… Saravá Seu Zé!”.

Pelo terceiro ano consecutivo, a escola de samba Barroca Zona Sul traz um tema afro para a avenida. Para o próximo Carnaval, a agremiação homenageia Zé Pilintra, uma das entidades mais populares das tradições de matriz africana, com o enredo: “A evolução está na sua fé… Saravá Seu Zé!”. Confira o samba campeão.

Colorado do Brás – “Carolina — A Cinderela Negra do Canindé”

Homenageada pela Colorado do Brás no próximo Carnaval, Carolina Maria de Jesus foi uma autora com um talento inigualável. Negra, catadora de papel e favelada, a escritora fez a sua primeira publicação em 1960 com o livro, Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada’ que foi vendido em 40 países e traduzido para 16 idiomas. Nos anos seguintes, lançou mais 3 obras. Ao longo de sua trajetória, Carolina de Jesus teve três filhos e nunca se casou. A autora faleceu aos 67 anos, e após a sua morte, foram publicadas outras seis obras a partir de manuscritos deixados por ela. Confira o samba campeão.

VAI-VAI – “Sankofa”

A escola da Bela Vista vai cantar “Sankofa”. A palavra faz referência a um pássaro mítico e sagrado africano que voa para frente, mas tem a cabeça voltada para trás e carrega em seu bico um ovo. A figura significa ‘Nunca é tarde para voltar atrás e buscar o que ficou perdido’, tendo a chance de retornar às nossas raízes, para poder realizar nosso potencial para avançar. Segundo a sinopse do enredo disponibilizada pela agremiação, a missão da Vai-Vai na avenida é reunir os pedaços de memórias de homens e mulheres que tiveram o elo de suas vidas rompido pelo episódio da escravidão. A Saracura pretende restabelecer esta conexão, unindo seus descendentes-herdeiros com as civilizações ancestrais. Confira os sambas enredos concorrentes para o próximo Carnaval.

Em 2020, a escola de samba Vai-Vai levou a sua história ao Anhembi, para comemorar seus 90 anos de Carnaval.  Foto: Ardilhes Moreira/G1

Acesso 1

Morro da Casa Verde – “Sob a proteção de Oxalá, festa no terreiro de bambas para caçador, curandeiro e padroeiro”

A verde e rosa terá o tema “Sob a proteção de Oxalá, festa no terreiro de bambas para caçador, curandeiro e padroeiro”. O enredo abordará uma grande celebração sob a proteção de Oxalá. A proposta do Morro da Casa Verde é fazer uma grande festa no Anhembi conduzido pelos orixás Oxóssi, Obaluaê e por São Jorge. Confira o samba campeão.

Leandro de Itaquera – “No ecoar dos tambores e no feitiço da Leandro – De Dahomé as terras da encantaria – O cortejo da rainha Jeje e os segredos de Xelegbtá”

A escola da Zona Leste vai contar a história do candomblé Jeje e dos vudus no Reino Dahometano, que representam uma tradição religiosa nascida no Benim, na África. A magia africana remeterá a Rainha Agotime, que será a personagem principal no desfile da Leandro. O enredo será banhado pelas histórias à respeito de seus ancestrais e culto aos reis mortos, e, também, o segredo dos cultos de Xelegbtá. Confira o clipe do samba enredo da Leandro de Itaquera.

Mocidade Unida da Mooca – “Aruanda, o Eterno Retorno”

O enredo da MUM, “Aruanda o Eterno Retorno”, contará a história da Ilha de Luanda e seus homens-concha e todos os seus encantos. Das infantarias espirituais (os pretos velhos e outros espíritos evoluídos), até o “Eterno Retorno”, que se refere a Aruanda como sonho e realidade a ser buscada pelos negros escravizados que desejavam voltar para sua terra natal, Luanda ainda em vida. A escola do bairro da Mooca, localizada na Zona Leste de São Paulo, ainda não lançou seu samba enredo.

Acesso 2

Amizade Zona Leste – “Sou quilombola, sou história de riqueza Dandara é a realeza”

A escola de samba Amizade Zona Leste vai levar para a avenida a história de Dandara dos Palmares. Uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII. Foi esposa de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo das Américas, e o auxiliou nos planos de ataque e defesa do quilombo. Dandara foi morta, com outros quilombolas, em 06 de fevereiro de 1694, após a destruição da Cerca Real dos Macacos, que fazia parte do Quilombo de Palmares. Confira o samba campeão.

Deixe seu Comentário
Artigo de

Jéssica Souza