Saldanha da Gama, localizado no bairro do Gonzaga, era um clube frequentado pela classe média da cidade, mas, nas festas de Carnaval era aberto para toda sociedade santista, sócios ou não. Era a oportunidade de estarem presentes nos concorridos bailes, que começava na sexta-feira e ia até a noite de terça-feira, sempre com música ao vivo e muita descontração para jovens e adultos.
A festa transcorreu harmoniosa, onde os jovens extravasaram ao som das marchas tradicionais e sambas que marcaram época. No início da madrugada, Elvira e Otávio se desvencilharam da turba, fugiram para um lugar calmo na cidade e se entregaram a grande paixão que se estabeleceu nesta relação.
A noite já ia alta, Otávio e Elvira se entregaram as delícias que o amor pode proporcionar, reencontraram com os amigos no final da festa. O dia começava a raiar e prometia ser ensolarado, assim, nos braços da alegria, a turma terminou a primeira noite de Carnaval.
Depois de um breve repouso, a turma de jovens se encontraram as 14h na Ponta da Praia, para um rápido banho de mar e fazerem os acertos para o sábado de Carnaval.
A pista da praia estava fechada para o trânsito, porque à noite começariam os desfiles das Entidades Carnavalescas, nas categorias de blocos de fantasia e de escolas de samba do segundo grupo. Então, combinaram de se encontrarem na Ilha Porchat. Os pais de Elvira, que tinham boas relações com os promotores da festa, conseguiram ingressos para a rapaziada se divertir no famoso baile carnavalesco da baixada santista.
As 22h, já estavam em São Vicente, e se encaminharam para a famosa festa, onde além de muitos convidados, a alta sociedade da região estava presente e muitos artistas do rádio, da tv e do cinema, além de vários estrangeiros atraídos para a festa momesca no Brasil. A festa acontecia em dois grandes ambientes, um era o baile onde a folia reinava, e no outro, mais aristocrata, com o concurso de fantasias de luxo. Lógico que nossos personagens ficaram no salão da folia.
Assim, foi mais uma noite de muita alegria e descontração. O dia amanheceu naquele visual fantástico; vencidos pelo cansaço, foram descansar, porque a noite de domingo gordo prometia, pois aconteceria o desfile das grandes escolas de samba da cidade e a avenida toda enfeitada receberia milhares de pessoas para prestigiar o segundo maior desfile de escolas de samba do Brasil.
Na tarde de domingo, Elvira recebeu suas amigas em casa. Lá, as meninas ficaram confabulando em comentários sobre as noites festivas e a perspectiva para os desfiles. Elas estavam tranquilas, porque já estavam com reserva de camarote, mas queriam chegar cedo para ver as outras entidades e esperar a escola que Otávio, os primos e amigos desfilariam.
O jovem tirou o domingo para descansar e se preparar para o desfile.
A noite chegou quente e estrelada. As jovens no camarote descontraídas vendo as escolas que antecederam a agremiação de Otávio, até que o locutor chamou a atenção para o início do desfile da X9.
A escola do Macuco entrou com muita garra na avenida, cantando alto e forte o samba, belos e enfeitados carros com muitos destaques luxuosos. O desfile era empolgante, Elvira e as amigas avistaram Otávio e seus primos na bateria, que vinha forte fazendo tremer a avenida com seus instrumentos.
Otávio, lindo e deslumbrante aos olhos de Elvira.
Quando terminou o desfile, mais precisamente na dispersão, os jovens trocaram a roupa que usaram para o desfile, shorts, camisetas e tênis, e se encaminharam para o camarote ao encontro das meninas. No local, ficaram o resto da noite prestigiando e curtindo a festa das grandes escolas de Santos.
Texto: Ednei Mariano
